John Platsidakis, Chairman da Intercargo (International Association of Dry Cargo Shipowners) e Director da empresa Anangel Maritime Services, armadora de navios de comércio, criticou recentemente a futura legislação ambiental a aplicar ao transporte marítimo por carecer de pragmatismo. Este responsável fez a critica durante o 6ªDia do Analista e do Investidor do Capital Link’s Shipping Forum, que decorreu no âmbito da feira comercial Posidonia 2018, realizada em Atenas entre 4 e 8 de Junho.
Embora seja favorável ao objectivo global da descarbonização, Platsidakis entende que “o tsunami de regulamentação” que se aproxima não é bem-vindo pela indústria do transporte marítimo por pecar de falta de pragmatismo na sua aplicação e colocar questões de viabilidade que não estão totalmente resolvidas, como a disponibilidade dos combustíveis de baixo teor de enxofre ou a existência de infra-estruturas portuárias à escala global aptas a integrar uma rede de abastecimento de novos combustíveis.
Na ocasião, este responsável apelou aos “fornecedores de activos”, ou seja, os estaleiros e os fabricantes de motores, para fornecerem equipamentos aos armadores. E considerou que o simples facto de as refinarias não se terem comprometido a ter um combustível alternativo disponível em quantidade suficiente em 2020, quando entram em vigor novas regras sobre combustível marítimo, e assim criarem mais um factor de incerteza para os armadores. Referiu ainda que seria “injusto e altamente lamentável” que no final fossem os consumidores a pagar o preço das novas regras.
George Prokopiu, Chairman da Dynagas LNG Partners, manifestou uma posição semelhante, ao afirmar que o novo quadro regulatório a aplicar ao sector deveria incidir sobre fabricantes e estaleiros, não sobre armadores. E insistiu que as companhias de navegação têm pouca influência no processo legislativo das novas regras, tendo estado isoladas durante o processo de implementação.
No mesmo sentido interveio Theodore Veniamis, presidente da União dos Armadores Gregos, ao afirmar que “o transporte marítimo é frequentemente tido como desproporcionalmente responsável por cumprir os padrões ambientais quando comparado com outras indústrias”. “Enquanto armadores, nada temos a dizer sobre o fabrico dos motores dos navios nem somos responsáveis pelos combustíveis que devemos usar”, referiu.
O mesmo responsável argumentou também que “é óbvio que, dado que os elos da cadeia de responsabilidade são muitos, tem provado ser mais conveniente a nível político incidir apenas sobre os armadores, o que acaba por ser equívoco e ineficaz”.
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