O tráfego marítimo no Árctico está a aumentar e com ele o nível de poluição, e consequentemente o degelo. O maior problema parece ser o uso de combustíveis pesados (HFO) pelos navios, cujas emissões de carvão negro são 3.200 vezes superiores às do CO2
Greenpeace

O tráfego de navios no Árctico está a aumentar e a prejudicar o ambiente, resultando num aumento das emissões de carbono, que causa degelo, em incidentes marítimos e em maiores riscos para a saúde pública, refere o Green4Sea, com base em dados de várias organizações internacionais.

Segundo a Clean Arctic Alliance, uma federação de organizações não lucrativas que combate o uso de combustíveis pesados (heavy fuel oils, ou HFO) pelos navios no Árctico, o aumento do tráfego foi tão dramático nas águas do Alasca que entre 2008 e 2015 aumentou 150%. O maior perigo provém dos HFO que, além de serem os mais agressivos (com as emissões de carvão negro, que são 3.200 vezes superiores às do CO2, por tonelada), são mais difíceis de limpar em caso de derrame, devido à sua viscosidade.

Um relatório recente da Organização Meteorológica Mundial (sigla em inglês, WMO), concluiu que as concentrações de CO2 na atmosfera aumentaram vertiginosamente em 2016. Estavam então 50% mais elevadas em relação à média dos 10 anos anteriores. De acordo com o boletim da WMO, este facto deve-se “a uma combinação de actividades humanas e ao fenómeno climático de El Niño, que elevou o CO2 a um nível não observado em 800 mil anos”, como refere um comunicado da organização.

A solução passa por trocar o HFO por combustíveis de melhor qualidade, de forma a reduzir as emissões, ou mesmo usar um filtro particular, no caso de combustíveis mais pesados, que poderia reduzir até 90% as emissões de carbono negro. Ou ainda por proibir administrativamente o uso de HFO.

Além disso, um relatório publicado pela Carbon Brief, um site dedicado à política energética e climática, mencionou que os países responsáveis por cerca de 36% das emissões globais já alcançaram as metas de redução de emissões esperadas. O que pode ser um indicador de que alguns dos piores cenários de aquecimento podem ser evitados. O relatório admite que 60% das emissões globais ocorrem em países que atingiram ou irão atingir em breve, o limite das suas emissões. Este é um motivo de optimismo, pois significa que ainda poderá ser possível manter o crescimento do aquecimento global até um limite de 2 graus.

 



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