A tripulação completa saiu, pela primeira vez este Domingo, a bordo do Anixa II.

De Oeiras rumo a Oeiras. Apesar de pequena, a primeira saída do Anixa II, veleiro que fará a II Regata Discoveries Race, entre 31 de Julho e 14 de Agosto com o Comandante José Mesquita, três alunos da Escola Náutica e uma “diarista” realizou-se este Domingo, pela primeira vez com a tripulação completa. 

Explicados conceitos, funcionamentos, máquinas, dadas as recomendações, feitos os preparativos – tudo a postos – a tripulação colocou-se ao caminho de uma saída ao largo, pela manhã. Entre desapertar a roda do leme, içar as velas, caçar adriças, os marinheiros nunca estão quietos. À saída, o primeiro passo era alinhar a embarcação com o enfiamento (3 luzes verticais que, à nossa visão, têm de estar alinhadas para dar rumo à embarcação) todos estavam atentos. O primeiro aluno pode iniciar o seu quarto. Qual é o truque? Que, ao caçar as velas, se vá verificando a velocidade para saber se está a ter rendimento. 

Hoje vamos “preocupar-nos essencialmente com vela”. Vamos “aprender a trabalhar com o piloto automático pois vão estar sozinhos e vão ter de aprender a afinar velas”, explica oComandante José Mesquita. “Ganha a regata quem tiver mais capacidade de afinação de velas e quem estiver mais atento”, antecipa. E assim em diante, os três alunos puderam levar o barco “sozinhos”. O “meu objectivo”, revela o Comandante, a bordo, “é passar-lhes o barco para a mão. Nós estamos aqui a conversar e eles é que estão a levar o barco”. 

O que não pode ser esquecido no fim de cada quarto: escrever no Diário de Bordo, que possui geralmente as 24 horas, que se deverão preencher de acordo com o sucedido. Avistámos ou não navegações? E pássaros? Vimos cargueiros? Tivemos que manobrar? Há sempre alguma observação a fazer. Há que identificar a intensidade das nuvens e do vento, através da Escala de Beaufort. As horas que o motor tem, pois ao fim de 150 horas tem de mudar-se de óleo, e tudo o que possa ser relevante. 

Entretanto, já se via o cabo raso e lá para cima nevoeiro. E do nada, entra uma pitada de vento para animar o dia que corria calmamente ensolarado. Assim o dia, segundo os alunos, pode concluir-se com vento desde 5 nós até 20 nós máximo, força 4, sobretudo nortada. “Fizemos umas bolinas, fizemos o balão, umas cambadelas (quando o vento passa pela linha de popa)”. 

A Regata, que se pretende que seja uma homenagem aos Grandes Países descobridores e aos territórios descobertos, será lançada em Viana do Castelo tendo como destino final Las Palmas de Gran Canaria. No entanto, os alunos da Escola Náutica juntamente com a Associação David Melgueiro, a bordo do Anixa II, participarão na prova de Viana do Castelo – Cascais e na prova Cascais – Funchal, na Ilha da Madeira, com uma distância de 192 milhas + 540 Milhas, ficando apenas por completar as 284 milhas, até Las Palmas de Gran Canaria.

DISCOVERIES RACE 2019, promovida pela Cofradia Europea de la Vela visa “promover o intercâmbio desportivo, cultural e económico, mas também descobrir e desenvolver a compreensão e amizade entre amigos de diferentes nacionalidades. unidos por uma paixão comum; o Mar”, pode ler-se na página oficial. 

O Jornal da Economia do Mar esteve a bordo do Anixa II no Domingo, acompanhará a regata de perto e todos os preparativos para a mesma. 



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