Para a Ocean Freight Exchange, o adiamento da implementação das águas de lastro pela IMO retarda a renovação da frota dos navios tanque e com isso a recuperação desse segmento, já pressionado por uma tonelagem antiquada e baixas tarifas de fretes
Petroleiros

O adiamento da implementação da Convenção Internacional para o Controle e Gestão das Águas de Lastro e Sedimentos (conhecida pela sigla inglesa BWC, acrónimo de Ballast Water Convention) decidido na última sessão do Comité para a Protecção do Ambiente Marinho (MEPC) da Organização Marítima Internacional (IMO, em inglês) vai retardar a recuperação do mercado de navios tanque, segundo a Ocean Freight Exchange (OFE), um centro de negócios online vocacionado para o transporte marítimo.

De acordo com a OFE, a implementação da convenção, a partir de Setembro deste ano, tenderia a gerar um surto de desmantelamento de navios tanque, face às suas baixas receitas e elevados custos de adaptação às novas regras sobre águas de lastro a bordo (que poderiam ascender de 860 mil a 1,6 milhões de euros, segundo a OFE). O adiamento por dois anos retarda esse surto por vários anos, contribuindo para adiar a recuperação deste segmento de negócio, designadamente, ao nível das tarifas dos fretes, já fortemente pressionadas pelo excesso de tonelagem no mercado.

Segundo a BIMCO, uma associação internacional de operadores e agentes de transporte marítimo, citada pela OFE, em 2016, foram vendidos para demolição navios tanque com um total de 2,6 milhões de toneladas de porte bruto (deadweight tonnage, ou dwt), enquanto entre Janeiro e Abril deste ano tinham sido desmantelados navios tanque com 1,3 milhões de toneladas de porte bruto. Embora o nível de desmantelamentos deste ano possa ultrapassar o de 2016, o forte ritmo de novas entregas de navios não favorece o sector.

Actualmente, os navios com mais de 15 anos representam cerca de 23% da frota global de petroleiros. Segundo a OFE, a existência de uma tonelagem antiquada pesou bastante nos preços dos fretes, na medida em que se traduziu em descontos elevados. E a relutância dos armadores em desmantelar esses navios deixa antever um longo percurso até à recuperação deste segmento, considera a OFE.



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