O Exercício REP 16, contando já com sete edições, foi, uma vez mais, uma oportunidade única para a afirmação internacional das capacidades da robótica nacional.

Contando já com sete edições, o Exercício REP, Recognized Environmental Picture, especificamente dirigido ao teste de veículos autónomos no âmbito do protocolo assinado entre a Marinha Portuguesa e a Universidade do Porto, contando sempre também com várias outras entidades nacionais e estrangeiras convidadas, beneficiou este ano, pela segunda edição consecutiva, com a participação do Centro da NATO, NATO Centre for Maritime Research and Experimentation, CMRE, bem como da Marinha Belga, das empresas OCEANSCAN e TELEDYNE, e observadores do Naval Undersea Warfare Center (EUA) da Marinha Americana, da NASA-AMES, dos alemães do GEOMAR (GER), dos italianos do CNR e ainda do JPI Oceans.

Tendo o Exercício como principal intuito a operação, teste e avaliação de capacidades de veículos autónomos, aéreos e submarinos, em áreas tão diferentes como sejam a monitorização ambiental ou a guerra de minas, os objectivos definidos passaram por:

– Demonstração de capacidade operacional e tecnológica nacional junto da NATO e dos parceiros internacionais;

– Demonstração de capacidade de planeamento e controlo de operação de sistemas de veículos submarinos e aéreos, através de redes de comunicação (subaquática, rádio e satélite) interoperadas;

– Demonstração de novos produtos e tecnologias de participantes da indústria nacional e internacional;

– Avaliação do desempenho dos sistemas (sonar, comunicações) instalados nos veículos, em área diferentes de operação;

– Avaliação do desempenho de novos desenvolvimentos dos veículos de participantes nacionais e internacionais;

– Demonstração de capacidades de desenvolvimento de conhecimento situacional marítimo;

– Promoção da imagem técnico-operacional de Portugal na área dos veículos autónomos.

– Demonstração e treino de planeamento e condução de operações Mine Coutermeasures (MCM) com veículos autónomos.

Na sequência dos objetivos acima mencionados, a Marinha definiu duas grandes áreas para testes operacionais, nomeadamente Guerra de Minas e hidrografia e monitorização ambiental.

Na área da guerra de minas deu-se especial enfâse aos testes de performance dos AUV Seacon, Gavia, Noptilus e Remus, com o objetivo de determinar as assinaturas acústicas e magnéticas dos veículos, e as curvas de probabilidade de deteção de diferentes tipos de minas para os diversos tipos de sonares instalados. Foi ainda dado enfoque na deteção e localização de minas de exercício nas zonas shallow water e very shallow water, assim como aos testes de operação dos AUV SeaCon a partir de submarino em imersão de forma autónoma.

No que toca à hidrografia e monitorização ambiental, foram executados levantamentos hidrográficos expeditos com AUV, georreferenciados e com um grau de fiabilidade aceitável para as operações, em apoio a uma força expedicionária, assim como realizados “Surveys” no rio Tejo como contributo para o esforço de guerra de minas nacional. Além disso, em colaboração com a FEUP-LSTS, realizou-se a recolha de dados ambientais com sistemas não tripulados (aéreos e de sub-superficie) em apoio à caracterização da área de operações.

Paralelamente, foi possível à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto – Laboratório de Sistemas e tecnologias Subaquáticas (FEUP-LSTS) efetuar testes centrados em desenvolvimentos de MultiHopRouting em redes de veículos heterogéneas como forma a alavancar a expansão de controlo e supervisão multi-veículo. Estes desenvolvimentos alargam a robustez operacional da toolchain DUNE-IMC-NEPTUS, desenvolvida pelo LSTS, utilizada transversalmente em todo o exercício sendo a base para todos os desenvolvimentos operacionais dos veículos

Diversos ASV (veículos autónomos de superfície), AUV (veículos subaquáticos autónomos) e UAV (veículos aéreos autónomos) com diferentes sensores, características e modems acústicos foram utilizados pelo Destacamento de Mergulhadores Sapadores nº 3 para a Guerra de Minas, equipa “VSW Search Team” da marinha Belga, FEUP-LSTS, assim como pelas empresas OCEANSCAN e TELEDYNE, a partir de navios da Marinha Portuguesa, nomeadamente o NRP Escorpião, NRP Pégaso, NRP Auriga, NRP D. Carlos I, o submarino NRP Arpão, bem como do NRV Alliance, navio de investigação da NATO agora operado pela Marinha Italiana.

A edição de 2016 incluiu vários objetivos que contribuíram para reforçar a cooperação entre todos os participantes particularmente no que diz respeito às comunicações subaquáticos, interrupção/delay tolerant networking (DTN) e no conceito de operação para veículos autónomos não-tripulados quer sejam submarinos, de superfície ou aéreos.



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