A bactéria descoberta na Zona de Fractura Clarion-Clipperton, absorve o dióxido de carbono, servindo posteriormente de alimento a animais marinhos.
Andrew K. Sweetman

Afinal, há mais do que peixes mortos e plâncton na Zona de Fractura Clarion-Clipperton, a 4 mil metros de profundidade. Existe uma bactéria que, além de absorver o dióxido de carbono (CO2), serve posteriormente de alimento à vida marinha na zona, segundo vários meios de comunicação internacional.

 

Descobertas pelo professor Andrew K. Sweetman, da Universidade Heriot-Watt de Edimburgo, no Reino Unido, no Atlântico Norte, estas bactérias são “os organismos importantes que consomem detritos orgânicos que flutuam em direcção ao fundo do oceano”, explica o próprio.

 

“Também descobrimos que as bactérias bêntonicas absorvem grandes quantidades de dióxido de carbono e assimilam-no na sua biomassa por meio de um processo desconhecido. O que foi completamente inesperado”, reflectiu o professor, explicando porque é que a biomassa das bactérias se torna uma fonte de alimento para outros animais marinhos, na zona mais profunda onde pensavam não existir alimento.

 

“Se ampliarmos os resultados a um nível de oceano global, as nossas descobertas revelam que neste processo, por ano, introduzem-se na biomassa 200 milhões de toneladas de CO2. O que equivale a aproximadamente 10% do CO2 que os oceanos absorvem por ano, portanto, é possivelmente uma parte importante do ciclo de carbono das águas profundas”, conclui Andrew K. Sweetman.

 

No entanto, estes processos correm o risco de perpetuarem a mineração nestas águas profundas, afectando todo o ambiente do fundo do mar e estragando os ecossistemas bêntonicos por décadas. O professor deixa um apelo à Autoridade Internacional de Fundos Marinhos, para garantir que se “estudam esses processos em pesquisas de base, avaliações de impacto e monitorização, para que mudanças relacionadas com a mineração neste processo do ecossistema possam ser identificadas e investigadas”.

 

Com este estudo, confirmou-se igualmente as desconfianças dos sul-coreanos, dos alemães e ingleses, que já suspeitavam que as profundezas do oceano guardariam grandes quantidades de nódulos polimetálicos, pedras ricas em níquel, cobre e cobalto, essenciais para o fabrico de equipamentos.



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