Principais portos comerciais movimentaram 88,9 milhões de toneladas
portos

Os principais portos comerciais do Continente (Viana do Castelo, Douro e Leixões, Aveiro, Figueira do Foz, Lisboa, Setúbal e Sines) movimentaram 88,9 milhões de toneladas de carga em 2015, mais 7,5% do que em 2014 e o valor mais elevado de sempre, de acordo com dados agora divulgados pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT).

Para este resultado contribuiu em especial o segmento dos granéis líquidos, com um aumento de 13,1% face a 2014, induzido, sobretudo, pela subida da importação de petróleo bruto (+21,9%) e do movimento de produtos petrolíferos (+8,4%).

Os mesmos portos, no mesmo período, registaram 10.710 escalas de navios de diversos tipos, mais 2,2% do que em 2014, com uma arqueação bruta de 190, 4 milhões de GT, a mais elevada de sempre e 10,2% acima do ano anterior.

 

Dados gerais

 

Em 2015, a carga geral representou a maior parcela de carga movimentada (41,8%), seguida dos granéis líquidos (36%) e dos granéis sólidos (21,4%), e Sines foi o porto com maior movimento (49,5%), mais do dobro do segundo porto com maior movimento (Douro e Leixões, com 21,1%).

Com este valor, o porto de Sines registou igualmente um aumento de 17% no movimento de carga face a 2014 e foi o único que “registou variações positivas em todas as classes de carga”, refere a AMT.

Já os portos de Viana do Castelo, Figueira da Foz, Lisboa e Setúbal registaram variações globais negativas, de -6%, -7,8%, -2,3% e -7%, respectivamente.

Apesar do impacto da subida de movimento de granéis líquidos, a carga geral e os granéis sólidos também registaram aumentos face a 2014, respectivamente de 4,7% e 4,1%.

O relatório da AMT refere também que em 2015 a carga desembarcada correspondeu a 57,6% da total e que os contentores desembarcados, em TEU, corresponderam a 50,2% do total.

 

Contentores

 

Em termos de carga contentorizada, sem surpresa, o porto de Sines foi aquele em que se verificou maior movimento, com 51,6% do total nacional, e onde o transhipment tem especial relevância (80% do seu total). Seguiram-se os portos de Leixões (24,2%) e Lisboa (18,6%).

Face a 2014, em TEU, o porto de Sines registou um crescimento de 8,5%, Setúbal teve um aumento de 17,7% e Figueira da Foz cresceu 17,6%, sendo que em todos esta foi uma subida recorde relativamente a desempenhos anteriores. Leixões caiu 6,4% e Lisboa 4,1%.

O relatório da AMT também identificou que 25% dos contentores embarcados e desembarcados foram contentores vazios, sendo que Sines foi o porto em que se registou maior equilíbrio entre uns e outros, resultante do “elevado volume de tráfego de transhipment”.

O porto de Sines foi igualmente aquele em que, segundo a AMT, se registou a maior taxa média anual de crescimento de movimento de contentores (+36,6%), considerando o período de 2005 a 2015, inclusive. Já o porto de Lisboa registou uma “relativa estagnação”, com “uma taxa média de crescimento negativo de -0,6% ao ano”.

Os outros portos registaram comportamentos positivos, com destaque para Setúbal, com uma taxa média anual de crescimento de 23,7%, a que, segundo a AMT não é alheia a quebra verificada no porto de Lisboa nem “a deslocação em 2013 da linha regular da MacAndrews, na sequência da instabilidade criada no porto de Lisboa pelas greves dos trabalhadores portuários”.

 

Tipo de carga

 

No âmbito da carga geral, que registou um movimento de cerca de 37 milhões de toneladas, a carga contentorizada acumulou maior volume (28,8 milhões de toneladas, mais 5,5% do que e 2014), seguida da carga fraccionada (7,3 milhões de toneladas, menos 3,4% do que no ano anterior) e da carga Ro-Ro (cerca de um milhão de toneladas, mais 33,2% do que em 2014).

Na carga contentorizada, o maior dinamismo verificou-se nos portos de Sines, cujo movimento cresceu 18,9%, e Setúbal, com um crescimento de 12,1%. Na carga fraccionada, o porto de Leixões cresceu 10,9%, o de Lisboa 67,6% e o de Viana do Castelo 3,3%, mas tal não compensou as quebras nos restantes portos. Na carga Ro-Ro, que representa 1,1% do mercado e 2,6% da carga geral, 71,4% foi movimentada pelo porto de Leixões e 27,3% pelo de Setúbal.

No contexto dos granéis sólidos, que totalizaram 19 milhões de toneladas, as principais mercadorias movimentadas foram os “produtos de coqueria, briquetes, bolas e combustíveis sólidos semelhantes, cereais, outros resíduos e matérias-primas secundárias, cimento, cal e gesso e outras substâncias de origem vegetal”, seguindo uma terminologia própria do sector, e que representaram 80% do total.

O porto de Sines acolheu o maior movimento de carvão (96% do total movimentado no país), mais 14,1% do que em 2014, seguido do porto de Setúbal, com o qual reparte este mercado. Os minérios em geral representaram 1,3% da tonelagem total movimentada e 6,1% do total de granéis sólidos. Aqui o movimento foi repartido essencialmente entre os portos de Leixões e Setúbal, embora Sines tenha uma “quota” de 4,2%, e registou-se um aumento em todos os portos face ao ano anterior.

O movimento de produtos agrícolas totalizou cerca de 253 mil toneladas, mais 5,4% do que em 2014, das quais 68,9% no porto de Lisboa, 14,8% no porto de Leixões e 12,1% no de Aveiro.

No caso dos outros granéis sólidos, movimentaram-se 7,3 milhões de toneladas, menos 7,7% do que no ano anterior, mas o equivalente a 8,2% da carga total e a 38,2% dos granéis sólidos. A quebra ficou a dever-se à diminuição deste movimento nos portos de Setúbal, Lisboa e Figueira da Foz.

No contexto dos granéis líquidos, que ascenderam a 32,6 milhões de toneladas, o porto de Sines registou um acréscimo da importação de 23% face a 2014, tendo recebido 67,5% do total importado.

 

 



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