GNL

A Comissão Europeia (CE) apresentou ontem um pacote sobre segurança energética, destinado a responder a eventuais interrupções de aprovisionamento e a promover uma transição de paradigma, no quadro do acordo sobre alterações climáticas adoptado em Dezembro último, em Paris.

Entre as propostas da CE consta uma estratégia para o Gás Natural Liquefeito (GNL), “que permitirá melhorar o acesso de todos os Estados-Membros” a este produto como fonte energética alternativa.

Para a CE, os elementos centrais desta aposta são a “construção de infra-estruturas estratégicas necessárias para completar o mercado interno de energia e a identificação dos projectos que permitam acabar com a dependência de alguns Estados-Membros de uma fonte única de aprovisionamento”.

Esta estratégia deverá merecer particular atenção por parte dos armadores e construtores navais, na medida em que a utilização do GNL é uma das soluções possíveis para que o transporte marítimo cumpra a regulamentação sobre emissões de poluentes.

Desde 2015 que os navios que operam nas zonas de controlo de emissões de óxido de enxofe (SOx) (SECAs – Sulphur Emission Control Areas) não podem usar combustível com mais de 0,1% de enxofre e globalmente terão que reduzir o teor de enxofre do seu combustível para um limite de 0,5% a partir de 2020.

Usado especialmente no transporte marítimo de curta distância e em ferries, o LNG requer modificação nos motores. A vantagem é que não emite dióxido de enxofre (SO2) e emite menos 90% de NOx do que o fuel de barcos e menos 20% de dióxido de carbono (CO2).

A CE aproveitou para recordar que a Europa é “o maior importador de gás natural do mundo”, com uma capacidade global de importação susceptível de satisfazer “cerca de 43% da actual procura total de gás (2015)”. Mas admitiu que “subsistem disparidades regionais significativas” relativamente ao GNL.

No sudeste e centro-leste da Europa, bem como nos países bálticos, vários países não têm acesso ao GNL ou estão dependentes de um único fornecedor, pelo que seriam mais afectados no caso de uma crise de abastecimento.

Para a CE, “é importante garantir que estes países tenham acesso a um hub regional de gás com uma oferta diversificada de fontes de abastecimento, incluindo de GNL”. A estratégia agora apresentada inclui vários projectos chave para assegurar este objectivo.

De acordo com dados disponibilizados pela Comissão, terminais de GNL, à semelhança de outras infra-estruturas energéticas, devem ser financiados através das taxas pagas pelos consumidores finais ou, nalguns casos, por companhias de gás, mediante a contrapartida de sua utilização a longo prazo.

A importância dos projectos, contudo, pode implicar o financiamento por fundos europeus, como o Connecting Europe Facility (CEF), ou por via de empréstimos do Banco Europeu de Investimentos.

 

 



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