Um estudo publicado esta semana na revista Nature Communications revela que em 2100 mais de metade dos oceanos mudará de cor devido às alterações climáticas e que estas já estão a afectar a composição do fitoplâncton.
Crescendo Azul

As alterações climáticas estão a causar mudanças significativas no fitoplâncton (micro-organismos vegetais) dos oceanos. O que podem gerar? Uma mudança de cor dos mesmos nas próximas décadas, revelou esta semana um novo estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, sigla original).

Nas projecções dos investigadores, em 2100, mais de metade dos oceanos mudará de cor devido às alterações climáticas. As regiões mais azuis, como os subtrópicos, vão ficar ainda mais azuis, sinal de menor quantidade de fitoplâncton (e vida em geral), e as regiões mais verdes, como as que estão próximas dos pólos, podem ficar ainda mais verdes, resultado de um aumento da massa vegetal microscópica. No entanto, espera-se que os satélites consigam detectar essas mudanças de tonalidade, alertando previamente para transformações em larga escala nos ecossistemas marinhos.

Devido a este problema, investigadores já desenvolveram um modelo global que simula o crescimento e a interacção das diferentes espécies de fitoplâncton, e como a mistura de espécies em vários locais pode mudar à medida que as temperaturas aumentam. Simultaneamente, simularam a forma de o fitoplâncton, constituído por algas microscópicas, absorver e reflectir a luz e, consequentemente, de como altera a cor dos oceanos.

Stephanie Dutkiewicz, do Departamento de Ciências Terrestres, Atmosféricas e Planetárias de MIT, principal autora do estudo publicado na revista Nature Communications, afirma que o modelo sugere que as mudanças não serão tão grandes que se vejam facilmente a “olho nu” mas que irão afectar a cadeia alimentar que o fitoplâncton sustenta.

Note-se que a cor do oceano depende da interacção da luz do sol com o que está na água. As moléculas da água absorvem quase toda a luz do sol, excepto a parte azul do espectro, que é reflectida de volta. Por isso, regiões do oceano relativamente áridas aparecem, vistas do espaço, com azuis mais profundos.

Dutkiewicz explicou que a clorofila (um pigmento que absorve especialmente a parte azul da luz do sol) não reflecte necessariamente os sensíveis sinais de mudanças climáticas e que variações podem ser devido também a variabilidades naturais. Mas adianta que através de satélites é possível fazer medições que reflictam reais sinais de mudança. As alterações climáticas, garante, já estão a mudar a composição do fitoplâncton e, por conseguinte, a cor dos oceanos.

 



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