As instalações do Ministério do Mar acolheram ontem, novamente, uma reunião entre os representantes dos estivadores do porto de Setúbal, os empregadores e operadores portuários destinada a alcançar uma solução para o conflito laboral naquele porto. Independentemente do resultado do encontro, referiu a SIC, o Sindicato dos Estivadores e da Actividade Logística (SEAL), que representa a maioria dos estivadores do porto de Setúbal e esteve presente na reunião, ainda terá que o discutir em plenário com os trabalhadores.
De acordo com as estações televisivas no local, os principais tópicos em discussão para se chegar a um acordo eram o número de estivadores a contratar sem termo no porto de Setúbal (56 parecia ser o número consensual), a criação de uma bolsa de precários (37, segundo a posição do SEAL) que serão contratados preferencialmente sempre que houver necessidade de trabalho extraordinário e os salários.
Neste último aspecto, o SEAL pretendia que a antiguidade dos estivadores nas suas funções, mesmo em situação de trabalhadores precários, fosse tida em consideração. O que significava que, para efeitos salariais, os contratados sem termo não deveriam ser considerados como trabalhadores acabados de chegar às empresas, devendo ser tido em consideração o número de anos de serviço de cada estivador no porto de Setúbal, mesmo como trabalhador eventual.
A meio da reunião, o Secretário de Estado das Pesca, José Apolinário, que representou o Ministério do Mar em substituição da ministra da pasta, que não pôde estar presente “por motivos pessoais”, segundo o governante, dirigiu-se a imprensa para fazer um balanço do encontro. Sem querer falar dos tópicos que estavam a ser negociados, limitou-se a dizer que a reunião estava a “decorrer de forma participada e viva”, que tinha expectativas positivas quanto à possibilidade de se chegar a um acordo e que o Governo considerava importante ter os portos nacionais a funcionar normalmente e em condições de competitividade. À hora do fecho deste artigo, ainda não sabíamos se hoje a reunião teria continuação no Ministério do Mar.
Um navio em Leixões
Entretanto, depois dos rumores de que um navio se dirigia para o porto de Leixões com o objectivo de embarcar veículos da Autoeuropa que aí se encontravam parqueados num terminal, o Expresso avançou ontem a notícia de que o navio, o Patara, ao princípio da tarde, aguardava autorização para entrar no porto. Segundo o nosso jornal apurou junto de fonte próxima da Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL), cerca das 17H15 de ontem, o navio já estava no porto “e tudo decorria com normalidade”. Algum tempo depois, a TVI mostrava imagens do navio no porto, já com alguns veículos embarcados e outros ainda no terminal.
De acordo com o Expresso, o navio, que terá vindo de Santander, em Espanha, e terá a Alemanha como destino, teria aguardado entrada no porto desde Quarta-feira de manhã e o horário para entrar e atracar mudou diversas vezes. O motivo poderia ser um buraco no terminal, provocado por um aluimento, e que ainda não estaria reparado, tornando necessária a instalação de uma rampa pesada no local para embarcar os veículos, segundo estivadores contactados pelo Expresso.
SEAL apela à solidariedade
Tal como António Mariano, do SEAL, já tinha anunciado no recente encontro sindical sobre os portos nacionais, que decorreu em Setúbal, e o nosso jornal já tinha dado nota, o sindicato divulgou ontem no seu blogue O Estivador um número de conta para recolha de fundos de apoio aos estivadores precários do porto de Setúbal, na sequência de um texto em português e inglês sobre as dificuldades destes trabalhadores.
“Até que o governo português obrigue os empregadores a resolver o problema, estes 150 estivadores estão lutando sem recursos financeiros e, por isso, apelamos aos estivadores e às suas organizações de classe ao redor do mundo, movimentos sociais e políticos, e indivíduos que lutam contra a precariedade, para participarem nesta campanha, a fim de criar um fundo de solidariedade para ajudar estes trabalhadores a prosseguir a sua luta, que é de todos, refere o texto no blogue.
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