Quem o diz é José Luís Neto, coordenador do projecto «Património e Turismo Arqueológico Subaquático na Macaronésia, Margullar», através da Direcção Regional da Cultura dos Açores, em entrevista ao Correio dos Açores. Disse também que o mergulho subaquático vale 35 milhões de euros por ano
Património Cultural Subaquático dos Açores

De acordo com dados do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, cada turista de mergulho equivale a 1.500 euros nos Açores, admitiu recentemente ao Correio dos Açores José Luís Neto, coordenador do projecto «Património e Turismo Arqueológico Subaquático na Macaronésia, Margullar» através da Direcção Regional da Cultura dos Açores.

Segundo este responsável, este valor inclui “não apenas os serviços especializados (operadores de mergulho), mas também passagens (aviação comercial), dormidas (hotelaria) e alimentação (restauração)”. Refere igualmente que “este tipo de mergulho cultural gera, pelo menos, 35 milhões ao ano”, um valor “que merece ser olhado com atenção e carinho”.

Até porque “é um modelo sustentável, porque não tem uma intrusão no meio ambiente, é reproduzível e não é predatório e traz mais-valias para a economia local que permite uma vida com dignidade”, acrescenta José Luís Neto ao mesmo jornal.

O projecto coordenado por este responsável surgiu “no âmbito do Programa Operativo de Cooperação Territorial (Interreg V-A) Espanha-Portugal (Madeira-Açores-Canárias) e é co-financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional da União Europeia” (FEDER), esclarece o jornal.

Começou em 2017, decorre até 2020 e é organizada pelo Cabildo de Lanzarote, Direcção Regional da Cultura dos Açores, Agência para o Desenvolvimento Cultural dos Açores, Direcção Regional da Cultura da Madeira, Associação Comercial e Industrial do Funchal – Câmara de Comércio e Indústria da Madeira, Instituto do Património Cultural de Cabo Verde e Direcção de Património Cultural do Senegal.

Diz José Luís Neto que “estas regiões associaram-se com vista a agarrar num recurso cultural que possuem, o património cultural subaquático, e ver se em conjunto o conseguem transformar num património que seja turisticamente rentável”. Os Açores são precisamente a região que tem mais conhecimento entre os envolvidos, pois tem “investigação arqueológica há pelo menos 50 anos e de forma sistemática e cientificamente reconhecida há pelo menos 20 anos”, refere o coordenador do projecto.

“A promoção conjunta dá-nos vantagens, até porque Canárias e Cabo-Verde são destinos de mergulho muitíssimo consolidados, que levam quantidades enormes de mergulhadores, os quais vão tomar conhecimento da realidade açoriana de uma forma muito mais directa e íntima através desta cooperação por toda a Macaronésia”., explicou o mesmo responsável.

O modelo “é feito com custos controlados, porque os Açores são uma região rica no sentido em que possui múltiplos recursos mas não é uma região endinheirada”, refere, acrescentando que e um modelo “diferente das grandes nações da arqueologia subaquática, como os Estados Unidos da América, Inglaterra e França, sendo bastante mais económico, mas acautela tudo aquilo que está dentro da convenção e torna hegemónico para toda a Região o código de ética do mergulho em património cultural subaquático da UNESCO”.

Nos Açores este modelo contempla um Roteiro do Património Cultural Subaquático dos Açores, que contém 30 sítios visitáveis, aos quais se acede através dos operadores de mergulho existentes em cada ilha, excepto no Corvo. Considerando que metade dos mergulhos optam por visitar locais de naufrágios, refere José Luís Neto, “na ilha Terceira quase todos os mergulhos são feitos no Lidador, em São Miguel no Dori e no caso da Graciosa no Terceirense”.



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