Portugal está no bom caminho para ser um centro importante na fileira do mar, referiu Ana Paula Vitorino
Portugal Shipping Week

A ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, presidiu ontem à conferência de imprensa de apresentação de quatro eventos internacionais dedicados ao tema do mar que decorrerão em Portugal e em simultâneo nos próximos meses de Setembro e Outubro: Portugal Shipping Week 2018, Seatrade Cruise Med 2018, BioMarine Business Convention 2018 e Oceans Meeting 2018.

Questionada pelo nosso jornal à margem da conferência de imprensa sobre se o Portugal Shipping Week 2018 poderá ser um passo para que Portugal substitua o Reino Unido como centro de negócios internacional do transporte marítimo, tirando partido do Brexit, Ana Paula Vitorino rejeitou que o nosso país estivesse a substituir qualquer outro.

Todavia, a ministra do Mar admitiu que Portugal está “seguramente no caminho certo para ser um centro importante em toda a fileira da economia do mar”, marcando “pontos na governança internacional” e assumido uma liderança política em assuntos marítimos que pode transformar-se numa liderança financeira.

Quanto aos eventos, foram apresentados a uma audiência composta por comunicação social, diplomatas de vários países acreditados em Lisboa e representantes de instituições e entidades nacionais relacionadas com o mar (Instituto Português do Mar e da Atmosfera/IPMA, Direcção-Geral de Política do Mar/DGPM, Direcção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos/DGRM, Mar 2020, entre outras).

O primeiro a intervir foi Llewellyn Bankes-Hughes, presidente da Shipping Innovation, que apresentou a Lisbon Shipping Week 2018 (Lisboa, 17 a 21 de Setembro), lembrando a importância de manter centros de negócios do transporte marítimo na Europa, numa época em que novos centros semelhantes surgiram (ou se deslocaram) para outras latitudes, designadamente, Extremo Oriente, correndo o risco de retirar influência e valor a Londres, por exemplo. E nessa matéria, Portugal, com uma tradição marítima, tal como o Reino Unido, pode ter um papel a desempenhar.

Igualmente presente no painel de apresentadores esteve Lídia Sequeira, presidente da Administração do Porto de Lisboa (APL), a quem coube divulgar a Seatrade Cruise Med 2018 (Lisboa, 19 a 20 de Setembro), uma das maiores feiras mundiais de cruzeiros. “Durante uma semana, Lisboa será casa dos mais relevantes decisores da indústria de cruzeiros”, acolhendo cerca de 300 expositores, centenas de prestadores de serviços marítimos de relevância mundial, agentes e operadores, “bem como perto de 100 autoridades portuárias”, referiu Lídia Sequeira. A responsável revelou ainda que nas últimas semanas, confirmaram a sua presença mais de 75 executivos das principais linhas de cruzeiros.

Lídia Sequeira adiantou ainda alguns números, começando por recordar que nos próximos 10 anos o mercado de cruzeiros deverá ter 106 novos navios, 18% dos quais a gás natural liquefeito (GNL), com o primeiro a iniciar a sua operação ainda este ano. Depois de referir que Portugal aposta “no porto de Lisboa como agente mundialmente relevante no segmento de cruzeiros”, revelou que nos primeiros cinco meses deste ano 192.507 passageiros de cruzeiro e 129 navios escalaram Lisboa, representando respectivamente mais 21% e 15% relativamente ao período homólogo de 2017. “Um caminho que deverá levar-nos aos 600 mil passageiros e às 350 escalas, naquele que será o melhor ano de sempre para o porto de Lisboa no segmento de cruzeiros”, referiu.

Outro orador do evento foi Rúben Eiras, Director-Geral de Política do Mar, a quem coube apresentar a BioMarine Business Convention 2018 (Cascais, 2 a 4 de Outubro), dedicado à biotecnologia azul e ás suas múltiplas aplicações. Contará com mais de 300 CEO de várias zonas do globo e terá uma série de eventos integrados (workshops sobre Inovação, reuniões B2B, pitch sessions, áreas de exposição e oportunidades de networking).

Isabel Moura Ramos, do Gabinete da ministra do Mar, apresentou a Oceans Meeting 2018 (Lisboa, 18 a 20 de Setembro), um evento que reunirá representantes de 18 países e terá uma forte componente política, com grande incidência nos tópicos do Greenshipping (transporte marítimo verde, ou mais ecológico), Port Tech Clusters (capacidade dos portos para serem centros de inovação tecnológica) e Economia Circular Azul (reaproveitamento/reciclagem dos produtos em fim de vida em vez da sua conversão em lixo/desperdício, que muitas vezes acaba no mar). Uma ocasião que será importante para os países participantes tomarem decisões cada vez mais urgentes sobre estes aspectos, conforme referiu a ministra do Mar à imprensa à margem da apresentação dos quatro eventos.

 



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