Há poucas semanas, foi testado um veículo marítimo que apoiará o transporte e aplicação de bactérias que se alimentam de petróleo e assim contribuem para combater derrames petrolíferos. Futuramente, será não tripulado, como um veículo aéreo a utilizar para o mesmo fim.
VTS

Realizou-se recentemente o primeiro ensaio no porto de Leixões ao veículo marítimo integrado no projecto «Spilless» (First-line response to oil spills based on native microorganism cooperation), que pretende desenvolver uma solução integrada capaz de “responder a derrames de petróleo utilizando micro-organismos nativos com capacidade para biodegradar petróleo (biorremediação)”, conforme noticiámos oportunamente neste jornal.

O veículo agora testado será futuramente não tripulado, operando em conjunto com um veículo aéreo não tripulado. Ambos estão contemplados no projecto e agirão coordenadamente com a função de transportar e aplicar os micro-organismos sobre uma área eventualmente afectada por um derrame petrolífero. No ensaio agora realizado, foi simulado um derrame e testada a capacidade do veículo marítimo em contornar uma hipotética área contaminada.

“As demonstrações tiveram a participação dos robôs ROAZ II (veículo autónomo de superfície) e STORK (drone), com o objectivo de testar algoritmos de controlo e navegação autónoma nos quais os robôs contornam (robô de superfície) e sobrevoam (robô aéreo) uma mancha de hidrocarboneto derramado (simulada) dispersando autonomamente um agente de biorremediação (bactérias degradadoras)”, referiu-nos fonte próxima do projecto.

O «Spilness» é um projecto europeu coordenado pelo Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) da Universidade do Porto, promovido em parceria com o INESC TEC (Universidade do Porto), a Universidade de Vigo e as empresas ACSM, Biotrend e MARLO, num horizonte temporal de dois anos.

Segundo fonte próxima do projecto, “até ao momento foram já isoladas mais de 400 bactérias ao longo da costa norte de Portugal e da Galiza com capacidade para degradar petróleo”. Tais bactérias “estão a ser processadas em laboratório de forma a produzir um agente de biorremediação que será posteriormente transportado pelos robôs até à mancha de petróleo e libertado pelos veículos autónomos nas áreas afectadas, de forma autónoma e eficiente”, referiu-nos a mesma fonte.

Conforme então escrevemos, o seu custo estimado “é de 370 mil euros, financiado em 80% pelo do Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas (FEAMP) da União Europeia”. Metade do financiamento “foi atribuído aos dois centros de investigação da Universidade do Porto (CIIMAR e INESC-TEC), que são responsáveis, respectivamente, pelo desenvolvimento dos consórcios microbianos para biorremediação e pela adaptação de veículos autónomos para o seu transporte e libertação”, referiu-nos então o CIIMAR. “A outra metade é repartida entre a Universidade de Vigo e as empresas”, disse-nos também então o CIIMAR.

 



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