Foi apresentado no Museu do Mar, em Cascais, a Carta Arqueológica Subaquática do concelho. Na ocasião, foi admitido que Portugal está a perder para o estrangeiro alguns dos seus tesouros, encontrados no fundo do nosso mar por equipas estrangeiras
HySeas III

António Fialho (arqueólogo subaquático) e Jorge Freire (arqueólogo e investigador no Centro de História de Além-Mar da Faculdade de Ciências Sociais e Humanos da Universidade Nova de Lisboa) apresentaram, no Sábado, o projecto que têm levado a cabo em Cascais – Carta Arqueológica Subaquática de Cascais -, no Museu do Mar, Rei D. Carlos. Dedicados à recolha de informação subaquática, reconhecendo tal espólio, no projecto dedicam-se também à sensibilização junto dos jovens para estas questões da protecção da riqueza subaquática.

Conforme nos explicou Jorge Freire, há pessoas que têm sido fundamentais para as questões das políticas do mar, pessoas que alavancaram o projecto, principalmente no que respeita às políticas do mar, para dar um novo rumo a este recurso. E foi um pouco sobre essa ligação que também se reuniram para discutir um pouco o tema.

Na óptica de Vasco Becker-Weinberg, professor na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa e investigador, o contributo do Jorge Freire no ordenamento do território tem sido importante para a identificação e levantamento dos locais arqueológicos, que constitui uma causa pública. Quando pensamos em “políticas públicas, normalmente pensamos em políticas estanques”, mas a arqueologia “tem de ter uma política para a identificação, levantamento e gestão do seu próprio património arqueológico”. O Estado tem de dar resposta, reflectindo que estas questões “fazem parte da cultura”. O professor defende ainda que uma “radiografia correcta de todo o espaço marítimo permitirá ao Estado saber o que deve ser feito e onde”, sendo que, como explica, “quem investiga tem de ter em atenção os interesses nacionais”.

Já para Armando Seixas, jornalista da Linha da Frente, este é um tema que tem de ser colocado na agenda. Tem de se “falar sobre arqueologia subaquática em horário nobre”, refere. Existem várias investigações em curso e a Câmara Municipal de Cascais está a fazer um bom trabalho, mas na sua visão, “os trabalhos não estão a ser aproveitados pelo poder político”. Além do mais, dentro deste círculo vicioso, Portugal está a perder o seu tesouro, pois a maior parte das vezes já nem reivindica artefactos, no fundo tesouros, achados nas águas portuguesas por outros países.

“O que nós encontramos no mar é nosso” e por isso, há que tentar salvaguardar ao máximo aquilo que se encontra no mar. Na exposição, por exemplo, estão alguns canhões recuperados. Explica Jorge Freire que quando entrou na Câmara Municipal de Cascais, em 2004, quis fazer o projecto, e este foi evoluindo muito. O seu trabalho está em sintonia com a biologia e a geologia. Mas a conclusão é que alguns dos trabalhos que já foram levados a cabo são mais reconhecidos no estrangeiro do que em Portugal.



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