O Desporto Escolar Náutico está a dar um salto. Dos 67 Centros de Formação Desportiva (CFD) que existem actualmente, 52 são náuticos, sendo 31 de canoagem, 18 de vela, 15 de surf e 10 de remo. No início de 2013/2014, quando estes projectos foram lançados, foram criados 11 CFD náuticos. Em 2016/2017 já se contavam 41 CFD.
Com o objectivo de proporcionar actividades aos alunos, o desporto escolar náutico disponibiliza gratuitamente materiais e acessos aos planos de água, através de parcerias que permitem equipar os centros com embarcações e outro tipo de equipamento (como fatos, licras).
Portugal parece estar a incentivar o desporto escolar, como refere José Vítor Pedroso, Director-Geral da Educação, segundo o qual “nos últimos dois anos tem havido uma aposta clara no Desporto Escolar – e especificamente nas modalidades náuticas – com mais professores e alunos envolvidos, aposta essa que é para manter”.
Os CFD têm basicamente dois tipos de actividade para alunos: Actividade Pontual de Experimentação, que implica visitas de turmas ou grupos de escolas (do 3º ao 12º anos de escolaridade) aos centros, em actividades curriculares de Educação Física ou de Cursos Profissionais; e Actividade Regular, em que os alunos praticam semanalmente as modalidades náuticas e participam nos quadro competitivos do desporto escolar, sendo que podem participar alunos desde o 1º ano ao 12º, apesar de serem mais comuns alunos entre o 3º ano e o 12º ano.
Estes centros, que são aprovados anualmente pela Direcção-Geral da Educação/ Desporto Escolar (DGE/DE) em Agosto, mediante a candidatura de cada Agrupamento de Escolas, já contam com números interessantes. Na Actividade Pontual, nos 4 anos do Programa Desporto Escolar, de 2013 a 2017, houve mais de 250 mil participações de alunos (sendo que só no ano lectivo 2016/2017 foram 125 mil). E a Actividade Regular, que começou com menos de 500 alunos a participar, actualmente tem mais de 2.500.
“Sem considerar as competições internas de cada CFD (que promovem regatas para os seus alunos, 2 ou 3 por ano), existem competições de âmbito local, regional e nacional, podendo cada aluno participar em cerca de 5 a 6 por ano, sendo duas de âmbito nacional que duram 3 dias cada”, explica o Director-Geral da Educação. E “o investimento do desporto escolar não provém somente do Orçamento Estado; existem parcerias com federações, clubes, autarquias e fundações que permitem o desenvolvimento de todas as actividades, potenciando o desenvolvimento de mais modalidades”, conclui.
Muitas são assim as escolas que têm apostado nestes desportos, no Porto, em Coimbra, que são basicamente canoagem, remo e vela. E a modalidade de surf em escolas mais perto dos grandes spots para a prática deste desporto, em Cascais, Mafra, Peniche, Caparica e na região do Algarve.
O I Circuito Nacional Escolar de Actividades Náuticas decorreu entre 21 e 23 de Março, com as modalidades de Canoagem, Surf (e também as especialidades de Bodyboard e Skimboard) e Vela em competição, no Parque das Nações (Expo), na Costa da Caparica e em Cascais.
Para a competição de Canoagem, o Parque das Nações recebeu 120 alunos (iniciados e juvenis, masculinos e femininos), 25 professores acompanhantes, 8 professores e 28 alunos da organização. Já no Surf, Bodyboard e Skimboard, na Costa da Caparica, estiveram presentes 80 alunos (iniciados e juvenis, masculinos e femininos), 20 professores e juízes e 10 elementos da organização. A competição de Vela (classe Optimist e Laser Bahia), que se realizou na Baía de Cascais, reuniu 120 alunos (iniciados e juvenis, masculinos e femininos), 25 professores e 10 professores da organização.
O I Circuito Nacional Escolar de Actividades Náuticas é composto por duas etapas, estando a 2ª agendada para os dias 10 a 12 de Maio em Viana do Castelo.
Também as formações destinadas aos professores dos CFD do Desporto Escolar, são fundamentais “na valorização profissional de cada um, e contribuem para o aumento da qualidade do método de ensino e das actividades desenvolvidas”, como presente na página oficial. No entanto, no desporto escolar náutico, este ano, está apenas prevista uma formação no contexto de vela, em 33 formações planeadas.
No entanto, neste contexto, será ainda promovida, de 5 a 8 de Julho, em Coimbra, a Semana Nacional da Formação, onde, entre outros desportos, se farão cursos de canoagem e remo.
Neste âmbito, temos um exemplo: Teresa Bonvalot, campeã europeia de surf junior aos 17 anos e promovida recentemente ao Top 10 da World Qualifying Series, que começou no desporto escolar. Na altura tinha dez anos e admite que o desporto escolar ajudou-a muito a chegar onde chegou pois, como refere, “foram criadas condições para eu querer mais este percurso. Foi mais um dia de semana que eu podia fazer surf”, pois não era seguro que surfasse sozinha.
Teresa já fazia desporto escolar na vela e como tinha começado a fazer surf no Verão, quando soube que ia haver um campeonato de desporto escolar, inscreveu-se e foi. E a partir daí começou a frequentar o desporto escolar às Terças-feiras, em São Pedro do Estoril, associada aos Salesianos de Manique, pois na sua escola não havia desporto escolar. Neste momento, admite que o surf “é tudo o que eu quero. É tudo o que eu sou. É a minha vida”.
