São as conclusões de um estudo do Institute for Marine and Antarctic Studies
FEAMP

Pescar produz muito menos carbono por quilo de proteínas do que produções provenientes da terra, como gado, de acordo com um estudo realizado pelo Institute for Marine and Antarctic Studies (IMAS) e por cientistas do Canadá. O estudo, fornecendo uma primeira análise às emissões globais da pesca selvagem por país, compara o impacto do carbono gerado pela indústria pesqueira com o gerado pela produção agrícola e pecuária (estimado entre 50 e 750 quilos de carbono por quilo de carne), responsável por aproximadamente metade de todas as emissões relacionadas à produção de alimentos.

Em média, as pescas globais têm uma baixa pegada de carbono. O estudo, publicado na revista Nature Climate Change, conclui que pescas de pequenas espécies pelágicas, como anchovas e sardinhas, emitem apenas uma fracção do carbono gerado pela produção de carne vermelha. Em 2011, a pesca consumiu 40 mil milhões de litros de combustível, gerando um total de 179 milhões de toneladas de Gases Efeito de Estufa (GEE) equivalentes a CO2 (4% da produção global de alimentos).

Apesar das emissões do sector pesqueiro terem aumentado 28% entre 1990 e 2011, com pouco aumento coincidente na produção (a média de emissões por tonelada desembarcada cresceu 21%), impulsionado principalmente pelo aumento das capturas provenientes de uma pesca de crustáceos assente em consumo intensivo de combustível, continuam a ser menos prejudiciais. E, segundo o estudo, seria mais benéfico que a maior proporção de desembarques fosse direccionada para consumo humano e não para usos industriais.

O autor principal, Robert Parker, da Universidade de British Columbia, em Vancouver, refere que produzir, distribuir e consumir alimentos representa um quarto das emissões mundiais de GEE. Sendo que, como afirma o professor Caleb Gardner, co-autor do estudo, a indústria pesqueira da Austrália contribui com apenas 0,5% das emissões globais da pesca. No entanto, os pescadores australianos procuram crustáceos de valor proporcionalmente mais elevado, tais como lagostas e camarões, emitindo 5,2 quilos de carbono para cada quilo de peixe capturado. Em contraste, nos Estados Unidos, cada quilo de peixe desembarcado representa 1,6 quilos de carbono, enquanto na América do Sul, apenas um quilo de carbono é emitido para cada quilo de peixe, devido aos altos volumes de anchovas do Perú, concluiu.



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