Gadani

A Organização Não Governamental (ONG) Shipbreaking Platform divulgou uma lista com o total de navios desmantelados em 2016. No total, foram desmantelados 862 navios (27,4 milhões de tonelagem bruta) em todo o mundo (contra 768 em 2015), 668 dos quais (23,8 milhões de tonelagem bruta) em zonas entre marés de praias, correspondentes a 87% da tonelagem de navios desmantelados em todo o mundo.

A Índia foi o país que mais navios enviou para desmantelamento (305), seguido do Bangladesh (222), Paquistão (141), Turquia (92), China (74), União Europeia (22) e resto do mundo (6). A Índia, o Bangladesh e o Paquistão aumentaram o número, mas a China diminuiu, tal como a Turquia, União Europeia e o resto do mundo. Em tonelagem bruta desmantelada, o Bangladesh superou todos os outros (9,5 milhões), seguido da Índia (8,2 milhões), Paquistão (6 milhões), China (2,4 milhões), Turquia (1 milhão) e União Europeia (38.839). O resto do mundo desmantelou cerca de 53 mil toneladas.

A organização referiu também que a indústria do transporte marítimo continua longe de garantir boas práticas de reciclagem de navios e admitiu que um número recorde de navios europeus (84% do total) nas praias do sul da Ásia, onde práticas de desmantelamento inseguras e prejudiciais ao ambiente continuam a ser uma realidade.

De acordo com a Shipbreaking Platform, 2016 foi o ano da maior catástrofe do sector nesta matéria. Em 1 de Novembro, pelo menos 28 trabalhadores morreram e 50 ficaram feridos numa explosão seguida de incêndio num navio tanque ancorado num estaleiro em Gadani, no Paquistão, refere a organização, que afirma ter documentadas 22 mortes e 29 trabalhadores feridos em estaleiros no Bangladesh. Por conhecer estão os dados da Índia, que são mantidos secretos, mas a organização afirma ter conhecimento de duas mortes em Alang.

Por outro lado, a ONG refere que os armadores continuam a desresponsabilizar-se de más práticas de desmantelamento, refugiando-se atrás de compradores de navios que os revendem para reciclagem, mas não sem que antes tratem de alterar o pavilhão das suas aquisições para bandeiras de conveniência, como Palau, Comores e Saint Kitts and Nevis.



Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

«Foi Portugal que deu ao Mar a dimensão que tem hoje.»
António E. Cançado
«Num sentimento de febre de ser para além doutro Oceano»
Fernando Pessoa
Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor, como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto.
Vergílio Ferreira
Só a alma sabe falar com o mar
Fiama Hasse Pais Brandão
Há mar e mar, há ir e voltar ... e é exactamente no voltar que está o génio.
Paráfrase a Alexandre O’Neill