Em 2017, a construção naval manteve uma tendência de contracção, com um volume de encomendas que ficou abaixo dos 200 milhões de dwt pela primeira vez em 13 anos., segundo dados da Clarksons Research
Gadani

Em 2017, as encomendas de navios totalizavam 3.158 unidades, equivalentes a 196,9 milhões de toneladas de porte bruto (deadweight tonnage, ou dwt), naquele que foi o primeiro ano desde 2004 em que estiveram menos de 200 milhões de dwt sob encomenda, revelou a consultora Clarksons Research. E foram declaradas 902 encomendas de novos navios, num total de 72,8 dwt, no que foi a terceira vez nos últimos 20 anos em que ocorreram menos de mil encomendas, referiu a consultora.

Estes números evidenciam uma contracção na construção naval, o que significa estaleiros sem actividade por algum tempo e, nalguns casos, o respectivo encerramento. A consultora referiu também que o número de estaleiros activos (com, pelo menos, um navio de mil ou mais dwt sob encomenda) caiu de 440, no início de 2017, para 360, no início deste ano.

Os graneleiros foram os navios mais procurados em 2017, havendo registo de 286 novas destas unidades, logo seguidos pelos navios tanque, com 271 pedidos de novas unidades (mais do que em 2016, mas abaixo dos valores de 2015). Os porta-contentores também não revelaram grandes sinais de melhoria, com 108 pedidos de novos navios. Os cargueiros de gás e de unidades para offshore registaram 37 e 39 encomendas, respectivamente.

Por países, a China registou a maior percentagem de encomendas em 2017, tendo atingido 9,2 milhões de toneladas brutas compensadas (CGT, ou compensated gross tonnage, um indicador que traduz o volume de trabalho necessário para construir um navio e que se obtém multiplicando a tonelagem de um navio por um coeficiente variável em função do seu tipo e dimensão).

Os estaleiros sul-coreanos obtiveram a segunda maior percentagem, 6,6 milhões de CGT, uma melhoria face a 2016, à frente do Japão, que registou encomendas de 2 milhões de CGT. De acordo com a consultora, citada pelo jornal, os estaleiros europeus continuam a beneficiar do forte apetite das empresas de cruzeiros por novos navios. Em 2017, a Europa captou 38% dos contratos de investimento em navios, em valor.

Quanto ao desmantelamento de navios, a actividade diminuiu 21% em 2017, para 35,2 dwt. O que veio contribuir para estabilizar o crescimento da frota mundial em 3,3%, um ritmo ligeiramente mais rápido do que o do ano anterior, mas ainda assim abaixo dos níveis anteriores a 2015. Segundo a consultora, no final de 2017, a frota mundial equivalia a 1.924 milhões de dwt, com sinais de crescimento nas frotas de cargueiros de gás e navios tanque.



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