A exclusão da Florida do plano federal para exploração offshore do petróleo em águas dos Estados Unidos por protesto do respectivo Governador mobilizou outros Governadores contra o plano. Estes, reclamam um tratamento igual dos seus Estados pelo Governo federal e há quem diga que a Administração quer favorecer o Governador da Florida na próxima corrida a um lugar no Senado
Agência Nacional de Petróleos e Gás

Dias depois da Administração Trump ter anunciado o seu plano para abrir 90% do espaço marítimo offshore dos Estados Unidos à exploração petrolífera, o Departamento do Interior, responsável pela administração e conservação das terras pertencentes ao Governo federal, anunciou a exclusão das áreas ao largo da costa da Flórida do plano, segundo o Maritime Executive.

A súbita mudança da posição federal deu-se no seguimento das fortes objecções do Governador da Flórida, Rick Scott, que quando soube do sucedido convocou uma reunião para excluir a Flórida das explorações, expondo as suas apreensões acerca do assunto. Apreensões que o Secretário de Estado do Interior, Ryan Zinke, apoiou. “Apoio a posição do Governador, quando afirma que a Flórida é única e fortemente dependente do turismo como motor económico, devido à sua costa”, disse Zinke em comunicado, revelando que estava retira a Flórida do plano para novas plataformas de petróleo e gás.

Zinke, no entanto, não discutiu a inclusão das águas dos Estados do Oregon, Califórnia, Washington, Nova Iorque, Nova Jersey, Delaware, Maryland, Virgínia, Carolina do Norte e Carolina do Sul, cujos Governadores também se opuseram à iniciativa federal. “Não podemos dar-nos ao luxo de colocar em risco a beleza, majestade e o valor económico da nossa costa na Carolina do Sul”, referiu o Governador Henry McMaster. Já o Governador da Virgínia, Ralph Northam, demonstrou simplesmente o desejo de ter uma palavra dizer sobre o assunto, e o Governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, questionou – “onde assinamos para renunciar?”

Todo este aparato desencadeou a questão de saber se a Administração de Trump dará igual consideração a todos os Estados costeiros, sendo que a esmagadora maioria dos Governadores parece rejeitar o plano de perfuração offshore. E analistas políticos já colocaram a hipótese de o apoio federal ao Governador da Flórida ser uma manobra de relações públicas a favor de Rick Scott – que termina o seu mandato de Governador este ano e apoia Trump desde 2016 – destinada a favorecê-lo na próxima campanha eleitoral para o Senado, onde poderá disputar o lugar do Senador democrata Bill Nelson, que se deverá recandidatar ao cargo no Senado.

Os opositores do plano já colocam a hipótese de um processo judicial por tratamento desigual dos demais Estados relativamente ao Estado da Flórida e o congressista Ted Lieu acredita mesmo que os tribunais irão admitir esta tese.

A indústria norte-americana do petróleo referiu que as decisões são ainda prematuras e que a Administração deve seguir o processo estabelecido antes de tomar qualquer decisão que coloque em causa a segurança energética do país. Já a National Ocean Industries Association (NOIA) descreveu o recuo de Zinke como “desapontante e prematuro”. E acrescentou que “retirar as áreas offshore da Flórida tão cedo do plano diminui o diálogo e a possibilidade de um estudo minucioso para futuros desenvolvimentos”.



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