Um inquérito da Moore Stephens conclui por altos níveis de confiança no sector, induzidos especialmente pelos fretadores, que acreditam no investimento
Moore Stephens

Entre Setembro e Novembro, inclusive, a confiança dos operadores no sector do transporte marítimo atingiu o seu nível mais alto dos últimos três anos e meio relativamente a este período, revela um inquérito da consultora Moore Stephens. Tal como no inquérito de Agosto, o grau de confiança manifestado por armadores, gestores, fretadores, consultores e agentes/corretores, entre outros, situou-se nos 6.2 numa escala de 10.

Nos fretadores, o grau de confiança atingido foi particularmente elevado (7.7), o mais alto desde que este tipo de inquérito foi criado, em 2008, e com uma subida significativa face aos 4.7 registados em Agosto. Os gestores registaram um nível de confiança igualmente elevado (6.1) e também subiram desde Agosto, quando obtiveram um grau de 5.8. Já os armadores diminuíram o seu nível de confiança, que passou de 6.5 em Agosto para 6.4 no de Novembro, e os agentes mantiveram o nível (6.3).

Por geografias, registou-se uma queda na confiança de 6.4 para 5.7 entre os inquiridos na Ásia, enquanto na Europa e América do Norte os níveis permaneceram iguais (6.3 e 5.8, respectivamente).

Relativamente à probabilidade de realizarem elevados investimentos nos próximos 12 meses, os inquiridos manifestaram uma confiança de 5.3, contra 5.4 obtidos em Agosto. Também aqui os fretadores se destacaram, subindo o seu nível de confiança de 4.0 para 6.2. A confiança dos armadores também subiram, de 5.8 para 5.9, tal como a dos agentes, de 4.4 para 5.3. Contrariamente, entre os gestores a confiança desceu neste aspecto, de 5.4 para 5.3.

Novamente por geografias, a probabilidade de fortes investimentos no sector nos próximos 12 meses subiu na América do Norte (de 4.9 para 5.4) e desceu na Ásia (de 5.9 para 5.0). Na Europa, a confiança nesta probabilidade manteve-se inalterada, nos 5.2.

O inquérito concluiu também que 59% dos inquiridos admitiam um aumento dos custos financeiros no sector ao longo dos próximos 12 meses. Entre os armadores essa convicção correspondeu a 54% dos inquiridos, entre os fretadores correspondeu a 83% e entre os agentes correspondeu a 60%. Já entre os gestores, o único segmento em que se verificou uma diminuição de percentagem face a esta premissa desde o último inquérito, a admissibilidade do aumento dos custos foi aceite por 61% dos inquiridos.

Outro factor em análise foi o impacto de certas circunstâncias no desempenho do sector ao longo dos próximos 12 meses. Aqui, o factor mais influente (23%) foi a tendência da procura, que superou a importância da concorrência e dos custos financeiros, os factores que se lhe seguiram de imediato.

A propósito dos resultados, há quem entenda que os fretadores estão à frente na confiança e no apetite por novos investimentos e que prevalece o optimismo no comércio por graneleiros e no sector do gás. Um abrandamento na construção de novos navios já terá começado a reflectir-se no mercado e deverá ter impacto numa subida de tarifas dos fretes, a ponto de 2017 poder vir a ficar assinalado como o ano em que se travou a espiral descendente no transporte marítimo.

 



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