O reforço próximo do transporte ferroviário da Medway entre Sines e Madrid preocupa responsáveis ligados aos portos de Huelva e Algeciras, que não deixam de reclamar investimentos em infra-estruturas logísticas e ferroviárias necessárias para preservar os seus nichos de negócio e enfrentar a concorrência do porto atlântico português
Porto de Sines

A Associação para a Promoção Comercial do Porto de Huelva (HuelvaPort) e o presidente do porto da Baía de Algeciras, Manuel Móron, têm vindo a defender a melhoria das infra-estruturas logísticas e ferroviárias nas respectivas zonas de influência, como forma de reagir ao eventual impacto no transporte de mercadorias que o reforço da frota de locomotivas da Medway, detida pela MSC, terá na ligação ferroviária entre Sines e Madrid, refere o jornal espanhol «Transporte XXI» na sua edição de 1 de Maio.

Embora o jornal refira Maio como data na qual quatro novas locomotivas da Medway entrariam ao serviço, o nosso jornal apurou junto da empresa que as locomotivas “só deverão estar aptas/licenciadas a funcionar em finais de Junho”. Representam um investimento de 15 milhões de euros e serão “4 locomotivas EURO 4000 interoperáveis, que representam o reforço da nossa frota anunciado no ano passado”, esclareceu-nos a Medway. Quanto às linhas, a empresa esclareceu-nos que oportunamente divulgará “os eixos/serviços em que irão operar”.

Questionada pelo nosso jornal sobre o impacto dessas locomotivas nos portos de Huelva e Algeciras, pelo que potenciam em termos de transporte ferroviário de mercadorias de Sines até Madrid (constituindo uma alternativa atlântica aos tráfegos regulares de importação e exportação que a MSC vem gerindo desde portos como Barcelona e Valência e também Algeciras), a Medway esclareceu-nos que as quatro unidades “não se destinam aos tráfegos específicos de contentores da MSC” e que “a MSC é apenas um entre os vários clientes da MEDWAY”, a qual “pretende servir todos os portos, onde os clientes solicitarem e onde se justificar”.

De acordo com o jornal espanhol, “a conectividade ferroviária de Sines põe em risco os nichos de negócio dos portos andaluzes”, pelo que responsáveis relacionados com aquelas duas infra-estruturas têm vindo a reclamar com urgência a melhoria das ligações desses dois portos a Madrid, em prol da competitividade. Até porque ali se refere também que a Medway tem dado passos que favorecem a ligação portuguesa a Madrid. Segundo a empresa, as novas “locomotivas estão preparadas para trabalhar quer em Espanha, quer em Portugal; são interoperáveis, ou seja, possuem ambos os sistemas de rádio e de segurança em vigor nos dois países”.

No caso da HeulvaPort, segundo o jornal, está em causa “o aprofundamento do calado de acesso ao porto e a adequação da linha ferroviária Huelva-Zafra para poder competir com a oferta crescente a partir do porto de Sines”. Já Manuel Móron, em artigo publicado em Abril no mesmo jornal, defendia a importância prioritária da ferrovia na ligação a Madrid e o prejuízo que uma ligação competitiva entre Sines e Madrid implicava para a costa andaluz. O jornal recordava também que Sines e Algeciras estão a idêntica distância de Madrid (cerca de 660 quilómetros), o principal centro de sumo da Península Ibérica.

 



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